Direitos humanos não são ‘ideias abstratas’, diz chefe da ONU ao pedir apoio à Agenda 2030

Secretário-geral Ban Ki-moon afirmou que a comunidade internacional deve colocar muito mais ênfase sobre os direitos humanos enquanto continua a trabalhar para implementar a Agenda 2030 sobre desenvolvimento sustentável, pois eles são “o motor mais poderoso para a paz e o desenvolvimento”.

Publicado originalmente em: 22/07/2016

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Os direitos humanos são normas e padrões com os quais governos e instituições são medidos. Mas eles não são somente ideias abstratas, ou aspirações a serem abordadas quando a paz e o desenvolvimento forem atingidos. Eles pedem ações extremamente específicas e concretas por parte dos Estados-membros da ONU e outras autoridades.

A análise é do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que participou neste mês de um encontro de alto nível sobre a implementação da Agenda 2030 sobre o Desenvolvimento Sustentável.

Ban alertou que, enquanto grande parte do mundo está se beneficiando de enormes progressos, o racismo e o desamparo estão crescendo na Europa, a violência organizada se enraizou na América Latina, confrontos mortais continuam no Oriente Médio e milhões de pessoas são afetadas pela marginalização econômica, social e política no continente asiático.

O respeito pelos direitos humanos e pelo direito humanitário internacional está sendo corroído neste momento em que o mundo enfrenta o maior número de deslocados desde a Segunda Guerra Mundial e os abusos continuam contra civis que passam fome, têm ajuda humanitária negada e são impedidos de se deslocar para locais seguros.

“Quando isto terminará?”, perguntou. “A resposta deve ser que termina agora. Os governos devem assumir as suas responsabilidades. A ferramenta mais importante para esta mudança são os direitos humanos – o mais poderoso motor de paz e desenvolvimento.”

“Os direitos humanos estão no centro dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para acabar com a pobreza, reduzir a desigualdade e promover sociedades pacíficas e inclusivas”, disse o secretário-geral.

Ban Ki-moon afirmou que a evidência mostra que políticas repressivas contra o extremismo violento e o terrorismo não deixará ninguém mais seguro – pelo contrário, elas acabam por reforçar “sentimentos de exclusão e injustiça”.

Já os direitos humanos “constroem confiança e lealdade”, sendo “indispensáveis em nossa busca por um mundo mais seguro, estável e com dignidade para todos”.

Fonte: ONU Brasil

Mesmo com mudanças na lei, Brasil não garante direitos das grávidas presas

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Foto: Renata Caldeira/TJMG

Postado Originalmente: 22/07/2016

Detida há três anos e quatro meses, Júlia* vive pela segunda vez a experiência de estar grávida em uma prisão. “Hoje estou com quase nove meses e o atendimento é péssimo.  A última vez que passei  em consulta com ginecologista foi em 28/02/2016 e o ultimo ultrassom fiz no dia 28/03/2016.” Desde o fim de Março até meados de Junho, quando deu à luz, Júlia não teve mais consultas médicas.

Na primeira vez, Júlia teve o bebê em regime semi-aberto, mas fugiu pouco antes dele completar seis meses de vida. “Me evadi porque meu filho completaria seis meses e eu temia entregá-lo. Na minha segunda saída temporária, eu não retornei. Fiquei dois anos e cinco meses foragida. Quando voltei para a prisão, estava grávida de novo, de um mês.”

De acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (“Infopen – Mulheres”) elaborado pelo Ministério da Justiça, em Junho de 2014 apenas 33% dos presídios femininos brasileiros possuem berçário, número que cai para 6% em presídios mistos.

O número de creches é ainda menor segundo o estudo, estando presente em 5% dos presídios femininos e sendo inexistente em unidades mistas. Outro dado é que 48 das 1420 unidades prisionais brasileiras (3,3%) tem cela ou dormitório adequadro para grávidas, sendo 35 delas em penitenciárias femininas e 13 em unidades mistas.

“Quem acaba cuidando das grávidas são as outras presas. Elas que  dividem a marmita quando a comida não vem na quantidade suficiente, conversam e dão esse apoio. Junto com as idosas, as grávidas tem prioridade”, conta Andrelina Amélia Ferreira, fundadora da ONG “Mães do Cárcere” que passou cerca de 12 anos detida.

Amamentação

A escassez de infraestrutura não é a única dificuldade que mulheres grávidas vivem no sistema penitenciário brasileiro. Outro problema se refere ao tempo que as mães ficam com o bebê.  O direito de grávidas amamentarem seus filhos na prisão está previsto no artigo quinto da Constituição Federal de 1988.

“Apesar de cláusula pétrea e irrevogável, esse direito está colocado de forma muito ampla. Não se fala quando, por quanto tempo nem de que forma a mãe vai amamentar o bebê”, avalia Bruno Shimizu, defensor do Núcleo de Situação Carcerária da Defensoria Pública de São Paulo.

Segundo a Lei de Execução Penal (7.210/1984), mães detidas tem o direito de amamentar seu filho “no mínimo até seis meses de idade”. “O problema é que o prazo que a Lei de Execução Penal dá como mínimo é lido como máximo. Passados seis meses, o bebê é separado à força da mãe e a amamentação é interrompida “, critica o defensor.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda um período de aleitamento materno de pelo menos dois anos, sendo exclusivo nos seis primeiros meses. Segundo os “Cadernos de Atenção Básica”, publicados pelo Ministério da Saúde em 2015, o aleitamento materno é fundamental pois fornece os nutrientes necessários para o desenvolvimento da criança, protege contra doenças infecciosas e diminui o risco de diarreias e alergias, além de promover o vínculo entre mãe e filho.

“A amamentação materna é ainda mais importante no contexto prisional, onde doenças infecciosas como a tuberculose são comuns”, avalia irmã Margaret Gaffney, integrante da Pastoral Carcerária de São Paulo que visita penitenciárias femininas da capital semanalmente.

Outro fator que afeta o tempo que a mãe permanecerá com o bebê é a necessidade de trabalhar.“Muitas tem que escolher entre ficar com o bebê e criar um vínculo familiar ou trabalhar na cadeia e mandar dinheiro para família. É uma decisão difícil para a mulher”, diz Michael Mary Nolan, advogada presidenta do ITTC (Instituto Terra, Trabalho e Cidadania), organização que há 15 anos acompanha a situação de mulheres presas no Brasil.

Adoção

O risco de perder a guarda dos filhos é outra ameaça constante para detidas com filhos. “Se ninguém se compromete a cuidar da criança, ela é destinada a um abrigo”, afirma Bruno Shimizu, integrante do projeto “Mães em Cárcere”. A iniciativa, organizada pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, prevê atendimento para detidas que sejam mães e/ou estejam grávidas.

Segundo estatísticas do projeto, 51 crianças e adolescentes foram adotados e 173 mães detidas tiveram filhos encaminhados para abrigo no Estado de São Paulo, em 2014. Shimizu aponta uma falta de comunicação entre a Justiça Criminal e a Justiça da Infância como uma das razões para esse quadro.“Muitas vezes, o juiz da Justiça da Infância não tem a informação de que a mãe daquela criança está presa. Daí a leitura é como se ela tivesse abandonado o seu filho, quando, na verdade, ela foi separada dele”, afirma.

A falta de comunicação ocorre também entre a Justiça Criminal e as detidas. Muitas vezes, a mãe não é informada que há um processo de destituição do poder familiar em andamento. “O processo corre, a mãe não fica sabendo que é ré e o caso é julgado”, diz Shimizu. “Eu só conheci a Defensoria Pública depois da prisão. Conheço mulheres que estão lá e até hoje  não conhecem”, conta Andrelina Amélia Ferreira.

Ele afirma que, se o pedido adoção for concluído, não é possível recorrer da decisão, pois o processo é irrevogável e corre em segredo de Justiça. “Há mães egressas que vão à Defensoria toda semana saber se há informações do filho e recebem a mesma orientação de que não há o que fazer. Isso se converte numa prisão perpétua para ela. Muitas entram num processo de negação e desenvolvem depressão”, relata o defensor público.

Mudanças na legislação

Em 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU), aprovou as “Regras de Bangkok – regras para o Tratamento de Mulheres Presas e Medidas Não Privativas de Liberdade para Mulheres Infratoras”. Trata-se de um marco internacional que regula o tratamento de mulheres infratoras e reconhece direitos como grávidas e lactantes detidas receberem orientações sobre dieta e saúde a partir de programas supervisionados por profissionais qualificados.

“Mas não é isso o que vemos na prática. Os bebês até conseguem atendimento médico, mas a mulher não tem acompanhamento do pós­parto nem tratamento ginecológico”, afirma Michael Mary Nolan, do ITTC.

Uma mudança legislativa ocorreu no Brasil em 2016, com a aprovação do Marco Legal de Atenção à Primeira Infância (Lei 13.257/2016), que regula políticas públicas para desenvolvimento de crianças de zero a seis anos.

Antes, era exigido à detida estar no sétimo mês de gravidez para poder cumprir a prisão cautelar em sua residência. Com o Marco, a gestante presa preventivamente pode requerer prisão domiciliar independente do tempo de gestação. O direito de converter a pena também foi extendido para mulheres com filhos até 12 anos de idade incompletos.

Na avaliação de Bruno Shimizu, a mulher é julgada não só pelo crime mas enquanto mulher e mãe. “É comum o discurso de que a mulher não pensou nos filhos. O que a gente vê é justamente o contrário, muitas são presas justamente pensando no sustento da família. Essa costuma ser a primeira preocupação na prisão daquelas que são mães”, afirma o defensor.

FONTE: Ponte Jornalismo

Por que os Governos de todo o mundo estão dando uma guinada na guerra contra as drogas?

Marcha da maconha no Rio.
Foto: Silvia Izquierdo

Postado Originalmente: 18/05/2016

As peças de dominó continuam a cair. A Irlanda é o último país a iniciar o processo de descriminalização de pequenas quantidades de drogas como heroína, cocaína e cannabis para uso pessoal. O país se junta a pelo menos 25 outros em todo o mundo que decidiram eliminar os usuários –mas não as drogas– do sistema de justiça criminal.

Outros países vão ainda mais longe. Canadá, República Checa, Portugal, Nova Zelândia, Uruguai e Estados Unidos estão entre os países que desafiam o status quo. Ao invés de proibir todas as drogas, o que o direito internacional atualmente propõe, esses países estão explorando novas abordagens para regulá-las. Se mais Estados forem nessa direção, todo o regime de controle de drogas corre o risco de entrar em colapso.

A mudança de perspectiva é motivada por uma sensação de que as abordagens atuais estão falhando e que seus efeitos colaterais são catastróficos. No centro do regime de controle de drogas estão as convenções de 1961, 1971 e 1988, que penalizam as drogas de forma seletiva. Essas leis são supervisionadas pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, a Comissão das Nações Unidas sobre Drogas Narcóticas e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.

O fato é que apesar de décadas perseguindo um mundo livre de drogas, estas são cada vez mais acessíveis e mais consumidas do que nunca. As penas severas para produtores, distribuidores e usuários não alteraram a oferta ou a demanda em meio século. Na verdade, a proibição parece multiplicar por dez o preço das drogas pesadas como a cocaína.

A guerra de meio século contra as drogas se tornou uma guerra contra as pessoas. Contribui para o aumento da criminalidade violenta em qualquer lugar onde as drogas são produzidas, vendidas e consumidas. Centenas de milhares de pessoas morrem a cada ano em nome da proibição, muitas delas no Afeganistão, Brasil, Colômbia e México. A criminalização também resultou em prisões cheias de pequenas traficantes e usuários de drogas, instituições judiciais relacionadas com a aplicação da lei corroídas e corrompidas, bem como a expansão do poder e dos lucros dos cartéis e quadrilhas de todo o mundo.

A mais poderosa forma de reverter os efeitos catastróficos das caprichosas políticas antinarcóticos é regularizar as drogas. Isso era considerado uma heresia, mas as atitudes estão mudando. Existe uma crescente aceitação de que a regulamentação pode colocar os Governos no controle.

Seja você usuário de drogas ou não, as pessoas razoáveis preferem ter um órgão público regulador que supervisione essas substâncias –que são prejudiciais em diferentes graus, dependendo do produto– ao invés de um sombrio grupo do crime organizado que não presta contas. Em alguns aspectos, as drogas atualmente já estão regulamentadas, mas pelos cartéis da Colômbia até o México.

Regulamentação não é o mesmo que legalização. Todos os esforços de regulação devem se concentrar na prevenção do uso e em evitar o abuso. A primeira mensagem para as pessoas que contemplam o uso é “não consumir drogas”. Mas, em vez de recorrer a táticas de intimidação, pais, professores, assistentes sociais e médicos devem oferecer uma explicação honesta sobre o que elas são e como causam danos.

No entanto, mesmo essas mensagens simples se complicam pelo medo generalizado à ilegalidade que acompanha as drogas. Ainda assim, se uma criança tem a intenção de consumi-las, a maioria dos tutores preferirá um sistema regulado que monitore a qualidade do que é oferecido, trate os viciados com compaixão e gerencie o acesso por meio da educação e de advertências sensatas.

A regulação é significativamente preferível à abordagem atual. Quando os aspirantes a produtores, distribuidores e usuários são criminalizados, a indústria da droga passa à clandestinidade. Produtores e distribuidores tornam-se participantes ativos na economia criminosa. Os acordos são cumpridos com níveis de violência brutais, dada a ausência de qualquer acesso aos tribunais. Os usuários reais e potenciais dispõem de informação deficiente, temem por suas vidas e não procuram tratamento e cuidados. Na medida que existem esforços para regular o álcool, o tabaco, os produtos farmacêuticos e outros produtos perigosos, muitos de seus efeitos nocivos podem ser detidos com controles de gestão pública.

O que implica a regulação? Países, Estados e cidades estão experimentando com uma descriminalização de fato, em abordagens baseadas na prescrição, uma estrita regulação do mercado, uma regulamentação imprecisa, e inclusive em promoção comercial, como acontece em alguns Estados dos EUA.

Existem várias formas práticas para colocar as drogas à disposição de uma forma controlada, incluindo prescrição médica, vendas em farmácias e estabelecimentos autorizados e até mesmo fornecedores sem licença. No Uruguai, um dos países mais seguros da América Latina, o consumo de drogas nunca foi criminalizado e a produção e venda de cannabis começaram a ser reguladas em 2013. O sistema oferece múltiplas possibilidades –os usuários podem cultivar até seis plantas, podem entrar em clubes ou comprar cannabis nas farmácias (a partir do fim deste ano). Por mais de meia década, o marco jurídico da Espanha permitiu o uso e a venda de cannabis em clubes privados.

Assim como sociedades diferentes adotam abordagens diferentes para o controle de substâncias perigosas, também deveriam explorar a regulação, de modo que estejam alinhadas com suas necessidades e capacidades, bem como com as evidências científicas.

Da mesma forma que a proibição não é recomendável, um comércio livre para todos deve ser evitado. Qualquer disposição regulamentar deve ser tomada com prudência e com cuidadosa atenção aos potenciais danos, ao que funciona e ao que não funciona. O problema é que no atual regime de controle de drogas internacional, os Governos estão limitados até mesmo para realizar essas tentativas.

FONTE: El País

ONU: nova lei de transparência para ONGs em Israel pode suprimir críticas à ocupação da Palestina

Aprovada nesta semana, nova legislação foi criticada pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).

A lei exige que as ONGs que atuem na área de direitos humanos e recebam mais da metade de seu orçamento de governos ou entidades estrangeiras prestem esclarecimentos detalhados das fontes de financiamento.

Publicado originalmente em: 20/07/2016

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A ‘lei de transparência das organizações não governamentais’ aprovada na última segunda-feira (18) pelo parlamento de Israel pode restringir as atividades de defensores dos direitos humanos que desafiam a política do governo israelense para o território palestino ocupado.

O alerta é do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), que expressou preocupação na terça-feira (19) com a nova legislação.

A lei exige que todas as ONGs que atuem na área de direitos humanos e recebam mais da metade de seu orçamento de governos ou entidades estrangeiras prestem esclarecimentos detalhados das fontes de financiamento em suas publicações e na comunicação com funcionários públicos civis e candidatos eleitos.

A porta-voz da agência da ONU, Ravina Shamdasani, ressaltou que esse tipo de prestação de contas não é exigido de organizações financiadas por fontes estrangeiras que não são classificadas como entidades políticas ou por doadores privado

Segundo o ACNUDH, a medida pode afetar desproporcionalmente o trabalho das ONGs visadas e que trabalham com direitos humanos. Uma pesquisa realizada pelo próprio Ministério da Justiça israelense chegou à mesma conclusão.

Shamdasani alertou ainda para o riscos de deslegitimação dessas organizações dentro de Israel, uma vez que elas seriam marcadas como “agentes estrangeiros”

Dados os ataques recentes contra organizações da sociedade civil em Israel por oficiais do Estado e alguns grupos específicos, nós tememos que essa lei poderá coibir defensores de direitos humanos e sua contribuição legítima e extremamente valiosa para o debate de direitos humanos em Israel, incluindo os que desafiam a política do governo israelense sobre o território palestino ocupado”, disse a porta-voz.

O ACNUDH ressaltou também que muitas ONGs em Israel, incluindo algumas que não serão afetadas pela lei, se manifestaram contra a decisão do Knesset — como o parlamento israelense é conhecido.

Na semana passada (12), o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, já havia afirmado estar profundamente alarmado pela medida. O dirigente máximo das Nações Unidas criticou a política expansionista de Israel.

A União Europeia também se posicionou contra a lei aprovada na última segunda-feira, em pronunciamento onde afirma que a medida ameaça enfraquecer a democracia, a liberdade de expressão e a diversidade da sociedade civil israelense.

Fonte: ONU Brasil

Chefe de direitos humanos da ONU chama Síria de ‘cemitério devastado’

“O país já é um gigante cemitério devastado”, disse o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, em comunicado emitido por seu escritório. “O número de crimes de guerra cometidos supera os piores pesadelos. Mas cabe tanto às forças que atacam como às que defendem — e seus apoiadores internacionais — minimizar mais mortes entre civis e evitar mais crimes e atrocidades”, completou.

Publicado originalmente em: 15/07/2016

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O chefe de direitos humanos das Nações Unidas pediu nesta sexta-feira (15) que as forças que avançam em Alepo e duas outras cidades na Síria não prejudiquem centenas de milhares de civis rodeados por conflitos entre forças do governo e da oposição.

O país já é um gigante cemitério devastado”, disse o alto comissário da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, em comunicado emitido por seu escritório. “O número de crimes de guerra já cometidos supera os piores pesadelos. Mas cabe tanto às forças que atacam como às que defendem — e seus apoiadores internacionais — minimizar mais mortes entre civis e evitar mais crimes e atrocidades”, completou.

Ele acrescentou que mesmo que as forças “tenham se tornado tão brutalizadas que não se importam com mulheres inocentes, crianças e homens cujas vidas estão em suas mãos, precisam ter em mente que um dia haverá um acerto de contas para todos esses crimes”.

Enquanto números exatos são extremamente difíceis de estabelecer, o Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) disse que havia ao menos 150 mil civis que estão agora totalmente isolados em algumas partes de Alepo controladas pela oposição.

Estamos profundamente preocupados com o que vai acontecer com eles enquanto o conflito se aproxima e se intensifica, e suprimentos mínimos de comida, água e medicamentos estão acabando”, disse Zeid.

Enquanto forças do governo e seus aliados avançam na parte da cidade retida pelas forças de oposição, grupos armados aumentaram os bombardeios de áreas comandadas pelo governo em Alepo.

Zeid acrescentou que o ACNUDH recebeu informações de que diversos civis, incluindo mulheres e crianças, foram mortos e ficaram feridos por ataques aéreos e por terra, assim como por minas terrestres instaladas pelo grupo autodenominado Estado Islâmico.

Civis tem sido mortos se tentam deixar suas casas para fugir”, disse Zeid. “Famílias não estão conseguindo acessar cemitérios locais para enterrar seus parentes assassinados, e os estão enterrando em seus próprios jardins ou mantendo corpos em bunkers. A cidade não tem eletricidade ou água no momento, e nenhuma instalação médica está operando”.

Fonte: ONU Brasil

Ataque em Nice é ‘golpe de extremistas no coração da humanidade’, diz chefe de Direitos Humanos

Palavras de condenação agora são como ‘folhas ao vento’ diante de ‘mais uma tempestade violenta’ da onda recente de atentados em diferentes partes do mundo, lamentou o chefe de Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra’ad Al Hussein. Para o alto comissário, combate ao terror deve envolver luta contra ideologia que motivas fanáticos a ‘matar por matar’.

Outros dirigentes e chefes de agências da ONU também se pronunciaram nesta sexta-feira (15).

Publicado originalmente:15/07/2016

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Dirigentes e chefes de agências da ONU criticaram nesta sexta-feira (15) o ataque terrorista que deixou ao menos 84 mortos, incluindo dez crianças e adolescentes, e mais de 200 feridos em Nice, na França, após um caminhão avançar sobre pessoas que comemoravam o 14 de julho ao longo da costa da cidade.

“Chocado” pelo atentado, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, disse que “o ataque assassino a pessoas comuns, usando um simples caminhão como arma mortal, é mais um golpe direcionado ao coração da humanidade por extremistas”.

“Há agora tantos ataques fatais — em Bagdá, Bruxelas, Dakka, Istambul, Medina, Orlando —, para citar apenas uma fração dos que ocorreram em meses recentes, que palavras de condenação soam como folhas murchas ao vento que vão rumo ao chão após mais uma tempestade violenta”, lamentou o dirigente.

Zeid destacou que “embora as razões que motivaram o assassino de ontem em Nice ainda estejam sendo definidas, em geral estamos (mais uma vez) diante de uma ideologia que parece criar uma cadeia infinita de fanáticos preparados para matar por matar”.

“Quando um meio de cometer assassinatos — sequestrar aviões, instalar bombas, se apropriar de rifles de assalto — se torna mais difícil, eles simplesmente encontram outro. E nossa resposta precisa ser cuidadosamente calculada e altamente sofisticada”, alertou o alto comissário.

Não se trata simplesmente de aumentar a segurança. Trata-se de esvaziar a própria ideologia (por trás do ataque) até que ela recue para o lugar onde pertence, ou seja, lugar nenhum”, concluiu.

Descrevendo o episódio como “uma carnificina”, o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Mogens Lykketoft, afirmou que esse “massacre de civis inocentes é mais um exemplo horrível do total desprezo de terroristas por qualquer forma de humanidade”.

Nós temos visto vários desses assassinatos em massa pelo mundo nas últimas semanas e isso representa um chamado urgente por uma cooperação internacional contra o terror ainda mais forte”, enfatizou.

Lykketoft expressou suas condolências às famílias e amigos das vítimas e seu apoio ao governo e povo franceses, “que têm sofrido demais com tanta matança ultimamente”.

UNESCO também se manifestou

A diretora-geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Irina Bokova, enfatizou que o “ataque bárbaro nunca vai vencer nossa determinação compartilhada em incansavelmente buscar nossos esforços para prevenir o extremismo violento através da educação para a cidadania global e os direitos humanos, do respeito pela diversidade cultural e do poder da cultura enquanto uma força para a inclusão social”.

Já o secretário-geral da Organização Mundial do Turismo, Taleb Rifai, alertou que “diante dessas forças das trevas, temos mais do que nunca que permanecer unidos para combater essa ameaça global”.

Fonte: ONU Brasil

UN condemns terrorist attack on crowds celebrating Bastille Day in Nice

Publicado Originalmente: 15/07/2016

Senior officials from across the United Nations family today condemned the deadly attack in Nice, France, calling for stepped up efforts to fight terrorism and violent extremism.

UN Secretary-General Ban Ki-moon, in a statement from his spokesperson, expressed his deepest sympathy and condolences to the families of the victims of “this horrific act,” including to the Government and all the people of France.

He underscored the need to intensify regional and international efforts to combat terrorism and violent extremism.

“The Secretary-General hopes that all those responsible for this massacre will be rapidly identified and brought to justice,” according to the statement.

This morning, Ambassador Koro Bessho of Japan, as the President of the Security Council for the month of July, read out a statement issued last night in which the Council “condemned in the strongest terms the barbaric and cowardly terrorist attack” and stressed that terrorism constituted one of the most serious threats to international peace and security.

“The members of the Security Council reiterated that any acts of terrorism are criminal and unjustifiable, regardless of their motivation, wherever, whenever and by whomsoever committed,” Mr. Bessho said.

When the Council met later to discuss the situation in Iraq, all members stood to observe a moment of silence in memory of the victims.

According to media reports, a truck rammed into pedestrians gathered to celebrate the French holiday in the southern seaside city of Nice on Thursday night, killing more than 80 – including children. Dozens of people have been injured.

The President of the General Assembly, Mogens Lykketoft, expressed “horror” at the number of people killed and injured.

“This slaughter of innocent civilians is yet another horrific example of the terrorist movement’s total contempt for any kind of humanity,” he said.

Mr. Lykketoft noted that this is one of a number of these mass killings across the world in recent weeks, and it is “a dire call” for even stronger international counterterrorism cooperation.

Appalled by the horrendous carnage, Zeid Ra’ad Al Hussein, the High Commissioner for Human Rights, said that the murderous assault on ordinary people, using a simple truck as a deadly weapon, is yet another blow aimed at the heart of humanity by extremists, according to his Office (OHCHR).

“There are now so many deadly attacks – in Baghdad, Brussels, Dhaka, Istanbul, Medina, Orlando – to name just a fraction of those that have occurred in recent months, that words of condemnation sound like damp leaves fluttering to the ground after another violent storm,” Mr. Zeid said through his spokesperson in Geneva.

He noted that while the driver’s motives are still to be established, “we are confronted by an ideology that seems to be creating an endless supply of fanatics prepared to kill for the sake of killing.”

The response, Mr. Zeid cautioned, needs to be “carefully calculated and highly sophisticated” so that it is not simply about heightening security but about deflating the ideology itself.

Irina Bokova, who heads the France-based UN Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO), expressed the organization’s “deep sadness and sincere condolences” and stressed the importance of education and social inclusion in fighting terrorism.

“This barbaric attack will never win over our shared resolve to unrelentingly pursue our efforts to prevent violent extremism through education for global citizenship and human rights, respect for cultural diversity and the power of culture as a force for social inclusion,” Ms. Bokova said.

Adding his voice to the chorus of condemnations, Nassir Abdulaziz Al-Nasser, the High Representative for the United Nations Alliance of Civilizations, also called the incident an “outrageous attack” and a “barbaric crime that is unjustifiable by all means.”

Taleb Rifai, the Secretary-General of the World Tourism Organization, said that “in the face of these forces of darkness, we must more than ever remain united to fight this global threat.” He added that Nice will continue to be one of the leading tourism destinations in France and in the world.

FONTE: ONU