Crianças latino-americanas sofrem mais com a pobreza, diz Banco Mundial


Criança e avó no interior do Rio Grande do Norte. Foto: Mariana Ceratti/Banco Mundial
Foto: Mariana Ceratti

Publicado Originalmente: 29/06/2016

Uma criança que nasce em um lar pobre tende a sair em desvantagem na corrida pelos melhores postos de trabalho quando adulta — justamente os empregos que poderiam ajudá-la a sair da pobreza. Ela tem menos acesso à educação, corre maior risco de sofrer de desnutrição e, portanto, também pode ficar doente com mais frequência.

Como se não bastasse, o percentual de crianças latino-americanas vivendo abaixo da linha de pobreza (4 dólares/dia) é duas vezes maior que entre os adultos: 36% e 19%, respectivamente. Os dados são de 2014 e vêm do Laboratório contra a Pobreza na América Latina (LAC Equity Lab/Banco Mundial), uma plataforma pública de compartilhamento de dados, indicadores e análises sobre pobreza, desigualdade e prosperidade.

“A pobreza infantil de hoje tem consequências importantes para o futuro da região”, avalia o economista Oscar Calvo-González, do Banco Mundial.

Ele aponta duas possíveis causas para o problema. Uma delas está nos índices de fecundidade da América Latina. Embora eles tenham diminuído nas últimas três décadas, ainda se mantêm mais altos nos lares mais pobres e especialmente entre as adolescentes. De fato, desde a década de 1990, as adolescentes tiveram a menor queda na fecundidade.

O fenômeno se torna mais grave quando se comparam os 20% mais pobres da população com os 20% imediatamente superiores: o índice de fecundidade do primeiro grupo, embora tenha começado a diminuir na última década, ainda é o dobro do segundo.

É possível que as medições de pobreza feitas entre os economistas também ponham as crianças em desvantagem. A pobreza infantil é calculada dividindo-se a renda do domicilio uniformemente entre todos os membros. Naturalmente, em casas com um maior número de crianças, a renda será dividida entre mais pessoas que não trabalham, o que talvez ajude a explicar as diferenças entre a pobreza infantil e a dos adultos.

“Uma limitação óbvia desse método para medir a pobreza é que ele requer assumir hipóteses sobre como se distribui o consumo dentro do lar. É possível que os adultos sacrifiquem seu próprio consumo para proteger as crianças, e então elas seriam menos pobres do que o cálculo sugere”, pondera Oscar Calvo-González.

Independentemente do motivo, o dado é um alerta para que os governos da região dediquem mais recursos e políticas aos latino-americanos de até 14 anos. Sem isso, não só as crianças terão menos chances de vencer a pobreza, perpetuando o ciclo já vivido por seus pais e avós, como também as economias da região seguirão tendo dificuldades.

FONTE: ONU

3 comentários sobre “Crianças latino-americanas sofrem mais com a pobreza, diz Banco Mundial

  1. Juliana Renault Vaz 07/09/2016 / 21:22

    Importante essa exposição das medições de pobreza entre as crianças latino-americanas. O futuro, a expectativa de melhoria nas condições de vida e nas economias desses países, depende de investimentos sérios e de qualidade na formação desses indivíduos.
    Políticas públicas de assistência social e desenvolvimento intelectual são indispensáveis, mas devem ser pensadas não como algo permanente, mas temporário. Há um perigo de que se tornem medidas populistas, eleitoreiras. Creches, escolas infantis em horário integral, com assistência médica, dentária, alimentação de qualidade são o melhor caminho para se conquistar uma formação que possibilite uma mudança, um progresso nesses índices.
    Em países como o Brasil, vivendo em favelas e mesmo nas ruas, dificilmente as crianças pobres afastam-se da convivência com pessoas que são maus exemplos e que podem influenciá-las e envereda-las por caminhos que signifiquem risco de morte, prisão… Com promessas de ganhos fáceis, envolvem-se em tráfico de drogas, hoje um dos maiores problemas em nosso país e motivo de morte precoce entre os jovens de poucas oportunidades.
    Esse ciclo vicioso pode transformar-se em um ciclo virtuoso, com investimento e comprometimento dos políticos na educação e na saúde das crianças. Uma boa formação significará, certamente, mudanças altamente positivas nas gerações seguintes: melhor saúde, melhor nível intelectual, melhor qualidade de vida, famílias mais conscientes de sua responsabilidade com relação ao futuro de seu país, possível baixa no nível de fecundidade…

    Curtir

  2. Lucas Moraes Assumpção 12/09/2016 / 14:55

    Não há o que se falar em meritocracia hoje em dia, principalmente em países da américa latina. Pressupõe meritocracia quando as pessoas partem do mesmo ponto de largada e não quando um tem infinitas vantagens sobre o outro. Viver com 4 dólares por dia é algo desumano, é apenas um lanche ou suco que compramos para nos satisfazer, então como viver com 4 dólares? O país deve investir assim em educação e erradicar a pobreza para que assim possa vir falar de meritocracia, e assim possa surgir mentes e corpos brilhantes. Como visto no texto uma educação de qualidade não só ajuda ao jovem a alcançar uma vida profissional mais satisfatória como também o faz guiar sua vida de forma mais sensata, uma vez que ligado às famílias de baixa renda, são as que mais tem filhos, isso devido a falta de informação e falta de planejamento de vida, uma vez que uma criança a mais na família é uma gasto a mais posto que o salário continuará o mesmo. Os governos devem centralizar esforços para a questão da educação, ela é a base de todo e pode transformar o mundo.

    Curtir

  3. João Paulo Linhares Rocha 20/09/2016 / 11:08

    A pobreza infantil é um problema de nível mundial, diversos são os países afetados por essa complicada situação.
    Nos países latino-americanos os números são assustadores, como mostrado acima, 36% das crianças destes países vivem abaixo da linha da pobreza, o que significa que mais de 1/3 delas estão em situações críticas.
    Um fator que acarreta tal problema é o altíssimo número de fecundidade. A grande maioria dos países da América Latina possuem uma desigualdade enorme, com um grande número de pessoas vivendo em condições precárias. Dessa forma,com a alta taxa de fecundidade entre as classes sociais desfavorecidas, muitas crianças já nascem em um meio muito complicado e sem oportunidade alguma, sem estruturas básicas como saneamento e assistência médica e sem perspectiva alguma de crescimento.
    Portanto, é extremamente necessário que os governos de países como os citados acima se empenhem em busca de oferecerem melhores condições de vidas para as classes sociais mais necessitadas, pois dessa forma é possível diminuir o problema da alta taxa de fecundidade ( Que influencia diretamente na pobreza infantil ) e consequentemente diminuir também o grande número de crianças e jovens em situações críticas e precárias

    Curtir

Deixar mensagem para João Paulo Linhares Rocha Cancelar resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.